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22.2.09
BRASÍLIA - Os altos salários pagos pelo setor público nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário mantêm a economia da capital federal aquecida, reforçando a imagem de que Brasília é uma ilha da fantasia, imune à turbulência global. Sem a ameaça de desemprego ou de redução de salários, os funcionários públicos continuam consumindo como se a crise global não existisse. É o que mostra reportagem de Regina Alvarez nEssa condição privilegiada sustenta um mercado imobiliário em expansão - cujo metro quadrado é um dos mais altos do país - e movimenta o comércio de automóveis, que em janeiro cresceu 19,27%, contra uma média nacional de apenas 1,63%.
Nos últimos três anos, as vendas de veículos no Distrito Federal cresceram 42%, turbinadas pelos aumentos salariais concedidos aos funcionários públicos. Na média, os rendimentos do setor público são 4,1 vezes maiores do que a renda no setor privado, mas, em tempos de crise financeira, o fator mais valorizado é a estabilidade no emprego.
- Nossos clientes são funcionários públicos com renda média R$ 12 mil, que desfrutam vantagens como o crédito consignado. São clientes exigentes, que buscam veículos mais sofisticados - explica Ricardo Lima, presidente dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do Distrito Federal (Sincodiv-DF). a edição deste domingo em O GLOBO.
'Só vejo a crise no noticiário'
Com salários iniciais que variam entre R$ 10 mil e R$ 12 mil, as carreiras de elite do Executivo, do Legislativo e do Judiciário chegam ao seu topo com rendimentos entre R$ 19 mil e R$ 24,5 mil, teto salarial para o setor público, mas, contando vantagens pessoais, muitos salários superam esse valor.
Policial rodoviário federal, Ricardo Rocha, de 40 anos, comemora a compra do segundo carro para a família, um Gol zero quilômetro adquirido este mês numa concessionária de Brasília. Ele e a mulher são funcionários públicos, e a renda conjunta supera os R$ 15 mil, o que permitiu a compra do segundo carro financiado.
- Fizemos as contas e vimos que seria possível assumir a prestação. Temos uma renda garantida no fim do mês. Não tem o risco de uma empresa privada. Só vejo a crise no noticiário - afirma Ricardo Rocha.
O Distrito Federal tem 181 mil funcionários públicos, de um total de mais de 1,1 milhão de trabalhadores. Estima-se que os servidores são responsáveis por cerca de 60% da massa salarial da cidade. A capital tem também um dos custos de vida mais altos do país.


fonte:http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/02/21/brasilia-uma-ilha-da-fantasia-imune-crise-754532773.asp
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21.2.09
BRASÍLIA - Levantamento feito pelo GLOBO aponta o alto número de processos que filhos de ministros e de ex-ministros da cúpula do Judiciário têm, como advogados, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O destaque vai para Marcos Meira, filho do ministro do STJ Castro Meira. No STF, ele tem 1.099 processos em tramitação. No tribunal de seu pai, tem outros 882 processos. O levantamento inclui ações, recursos e outros tipos de demandas aos tribunais. O pai não vê problemas éticos e faz questão de não participar dos julgamentos das causas de seu herdeiro. ( Confira os números )
- Não sei informar sobre a atuação dele, porque faço questão de guardar distância absoluta dos processos nos quais ele atua. E jamais pedi preferência a qualquer dos ministros. Quando Marcos está envolvido, eu me afasto. Eu não posso porém impedir que ele seja advogado, o que ele fazia antes de eu chegar ao STJ e provavelmente continuará fazendo depois que eu sair - diz Castro Meira.
( Leia Mais: Ex-ministros viram advogados em seus tribunais )
Marcelo Lavocat Galvão é filho do ex-ministro do STF Ilmar Galvão. No tribunal onde o pai atuou, Marcelo tem 88 ações em curso. No STJ, assina outras 1.098.
" Não há nenhuma diferença no tratamento. Basta ver os resultados dos julgamentos "
- Meu pai já se aposentou há seis anos. Não há nenhuma diferença no tratamento dos advogados por ser filho de ex-ministro. Basta ver os resultados dos julgamentos. Como qualquer outro advogado, os filhos às vezes ganham e às vezes perdem. Seria menosprezar a responsabilidade, a competência e a ética dos ministros imaginar que eles mudariam algum resultado por que o advogado é filho de um colega - pondera o advogado.
Carlos Mário Velloso Filho, herdeiro do ex-ministro do STJ e do STF Carlos Velloso, acumula 658 ações no STJ e 200 no STF.
- Nunca vi nenhum problema nele atuar no Supremo. Meu filho tem mais de 20 anos de advocacia, com um comportamento ético esplêndido, muito acentuado, graças a Deus - argumenta o ex-ministro.
O próprio Carlos Velloso, hoje advogado no mesmo escritório do filho, tem cinco ações no STJ. No Supremo, ele ainda não atuou em respeito à quarentena. Em janeiro, completaram três anos de sua aposentadoria. Agora, ele avisa que começará a defender causas no STF.
- Fui ministro do STJ 19 anos atrás. Já não existe praticamente nenhum ministro do meu tempo. Não tenho tratamento privilegiado. Os ministros são pessoas éticas, corretas - diz Velloso.
A versão dos outros advogados, filhos de pessoas comuns, é outra. Eles costumam reclamar que os sobrenomes pomposos dos concorrentes costumam contar na hora de escolher um profissional. Nem sempre isso funciona na prática. E há queixas de privilégio no atendimento pelos ministros.
" Conheço vários filhos que se utilizam do parentesco na hora de atuar, mas cansei de ver os pleitos indeferidos também "
- Conheço vários filhos que se utilizam do parentesco na hora de atuar, mas cansei de ver os pleitos indeferidos também. Tem julgadores que, para fazer questão de manter certa independência, votam contra. É um tiro que pode sair pela culatra - conta um advogado que atua em tribunais superiores e preferiu não se identificar.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) não vêem problemas na prática:
" É possível que haja tráfico de influência, mas a gente não pode generalizar "
- Como a atuação profissional de ex-ministros e de parentes tem autorização legal, a OAB não pode entender esses atos como falta disciplinar - afirma o presidente da ordem, Cezar Britto.
- É possível que haja tráfico de influência, mas a gente não pode generalizar. Se houver algum indício, que se denuncie - diz o presidente da AMB, Mozart Valadares, completando: - Como há autorização legal e constitucional, não há muito o que fazer no campo ético.

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16.2.09
Caso polêmico

RIO - O "Fantástico" visitou o castelo do deputado Edmar Moreira (DEM-MG), avaliado em mais de R$ 20 milhões. São 36 suítes, uma delas em três andares de uma torre. Há piscinas, lago e jardins. Pressionado após a denúncia de O GLOBO e acusado de não declarar o castelo em seu Imposto de Renda, Edmar renunciou à corregedoria. O caso chegou à Justiça Eleitoral.

Dizendo-se perseguido, o deputado pediu desligamento de seu partido, o DEM, e aguarda decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Se o tribunal entender que ele foi mesmo perseguido, Edmar poderá mudar de partido. Caso contrário, perderá o mandato.


O deputado estadual de Minas Gerais Leonardo Moreira, filho de Edmar, defende o pai:
- O deputado Edmar Moreira não é dono de castelo. O castelo foi transferido há mais de 16 anos para mim e para meu irmão e, por isso, não poderia constar no seu Imposto de Renda -
Foi Leonardo quem abriu o castelo, com exclusividade, para o Fantástico.


Patricia: O salão está acabado. Tem móveis. Ele foi habitado em algum momento?

Leonardo: Não. De 1982 a 1990 foi o período da sua construção, ele foi finalizado em 1990. Desde então ele nunca foi habitado.
Das 36 suítes, 32 ficam no segundo andar. As outras quatro ocupam a torre do castelo. Cada banheiro tem um desenho diferente, uma arquitetura diferente, e também materiais diferentes. Um, por exemplo, é feito de mármore azul.
- No Brasil, na época, não se encontrava desse material justamente porque um sheik havia comprado todo esse estoque em nosso país para revestir o castelo dele, que era o dobro desse aqui, de revestimento externo - comenta o deputado.

Patricia: Chegamos ao último andar. É a quarta suíte, a última delas e também a principal. A suíte é um triplex. Tem três andares. No primeiro tem um espaço para sala, com banheiro. Subindo, tem uma antessala e depois, no outro nível, o quarto. Só para ter uma idéia, quantos metros quadrados mais ou menos tem esse quarto?

Leonardo: Aproximadamente 100, 110 metros quadrados os três andares.

Patricia: Maior que a casa de muita gente.

Leonardo: Maior do que a casa de muita gente e pequeno para muito hotel que existe hoje em dia.

Patricia: Com que finalidade este castelo foi construído?

Leonardo: Com a finalidade exclusiva de se abrigar aqui um hotel que pudesse atrair um turismo nacional e internacional na região.

Patricia: Então, por que esse empreendimento nunca virou um hotel?

Leonardo: Nós tínhamos uma expectativa que a infraestrutura viária e aeroporto da região, que ela se desenvolvesse e, na verdade, o que houve foi uma retração. Ao invés de melhorar, ela piorou.

Patricia: Ha muitas histórias de que este castelo viraria um cassino. Tem também ex-funcionários que contam que muitos políticos vinham para cá para jogar. O que tem de verdade nisso?

Leonardo: Nunca houve um projeto para que isto aqui se tornasse um cassino e sim um hotel.

Patricia: De onde veio esse dinheiro?

Leonardo: esse dinheiro veio do lastro financeiro que o empresário Edmar Moreira, na década de 1980 tinha, que pode ser comprovado. Ele tinha lastro empresarial na época para construir não só este castelo e qualquer outro empreendimento.

Patricia: Você tem provas disso de que esse dinheiro saiu do empresário e não do político?

Leonardo: Muito mais do que eu ter provas, eu confio na justiça, eu confio no Ministério Público, eu confio no Poder Judiciário, eu estou lhe franqueando a minha declaração de Imposto de Renda, onde isso se encontra lançado.

Em uma cópia do Imposto de Renda de 2007, Leonardo declara ser dono de metade da propriedade. Ele afirma que, ao receber o castelo do pai, em 1993, o valor total do imóvel era R$ 6,4 milhões. Hoje, claro, vale muito mais.

Patrícia: Hoje se tivesse interessado com cheque de R$ 25 milhões, o senhor venderia o castelo?

Leonardo: Com certeza.

Patricia: O que muita gente também pergunta, se esse dinheiro é legal, veio do seu pai, ele financiou esse castelo, porque que logo depois ele passou para o nome dos dois filhos?

Leonardo: Na época ele era um empresário de sucesso do ramo de segurança privada. Em 1990, com o lastro financeiro muito grande, entrou na vida pública, estava se dedicando a vida publica e se desligando das empresas.


A Procuradoria-Geral da República investigou a vida empresarial de Edmar Moreira, que é ex-oficial da Polícia Militar de Minas Gerais. Ele responde a mais de duas mil ações trabalhistas, e é acusado de não ter pagadoo juros, correção monetária e multas sobre as dívidas. Edmar era um dos deputados que recebiam o salário em dinheiro vivo. Seria um modo de continuar tendo acesso ao dinheiro, caso uma decisão judicial bloqueasse os bens dele.


Patrícia: O senhor, como filho, não se sente de uma certa forma desconfortável de ter isso sabendo que o seu pai deve para muita gente, muitas pessoas.

Leonardo: todos nos sentimos desconfortáveis a partir de que qualquer pessoa no mundo pode estar sofrendo algum flagelo. Seria uma desumanidade muito grande de minha parte não admitir isso.
O deputado Edmar Moreira não quis gravar entrevista. O Tribunal Superior Eleitoral só vai começar a decidir o destino do deputado federal depois que o partido dele, o DEM, se manifestar sobre o pedido de desligamento, o que deve acontecer nesta semana.


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10.2.09
BRASÍLIA - Não foi por excentricidade que o deputado Edmar Moreira decidiu construir um castelo em estilo medieval em São João Nepomuceno, na Zona da Mata de Minas, a cerca de 250 quilômetros a sudeste de Belo Horizonte. De acordo com informações de políticos que o conhecem bem, o castelo foi construído para ser transformado num bem montado cassino assim que o jogo fosse legalizado no Brasil.

As obras do castelo tiveram início no final dos anos 80 e avançaram pelo início dos 90, justamente quando havia no governo e no Congresso intenso debate sobre a legalização dos jogos no País. Edmar, um capitão aposentado da PM de Minas Gerais, rico, dono de empresas na área de segurança e transporte de valores, percebeu a oportunidade de ganhar muito dinheiro no futuro. Entrou para a política por intermédio do amigo Itamar Franco, que na época estava no PRN de Fernando Collor, pelo qual seria eleito vice-presidente na eleição de 1989 que levou Collor ao poder.

Edmar candidatou-se em 1990 a deputado federal. Eleito, integrou a pequena bancada "collorida", que teve como líder o então deputado Renan Calheiros (PRN-AL), hoje senador, que há um ano e meio teve de renunciar à presidência do Senado por suspeita de ter usado dinheiro de uma empreiteira para pagar a pensão de uma filha fora do casamento.

Como a legalização do jogo nunca foi aprovada, Edmar Moreira ficou com um mico na mão. Afinal, não são muitas as pessoas que têm dinheiro para comprar um castelo. E aquelas que têm os valores necessários nem sempre querem um castelo medieval no Brasil, localizado justamente no interior de Minas. Mesmo assim ele pôs o castelo à venda, agora com o nome de Castelo Mona Lisa.

A construção é gigante. Seu conjunto arquitetônico foi inspirado em castelos europeus, com área de 192 hectares, nas quais se destacam lagos, reservas e parques. É composto de 12 torres, sendo a principal com oito andares. Do lado de dentro há 36 suítes com hidromassagens. Tem também salões de festas, ginástica, jogos, eventos diversos, reuniões, piscinas, saunas, lagos para prática de pescaria, estrutura para campos de golfe, jardins e áreas de relaxamento. Enfim, tudo para abrigar pessoas que quisessem ficar dias num cassino gastando o dinheiro. Só que o cassino nunca pôde ser aberto.

O Mona Lisa foi construído na Fazenda Luzitana, no distrito de Carlos Alves, que fica a 18 quilômetros de São João Nepomuceno. Quando edificou o castelo, Edmar Moreira logo quis mudar o nome do povoado de Carlos Alves para Santa Bárbara, a santa de sua devoção. No passado, o lugar tivera o nome da santa. Mas prefeitos adversários o trocaram para Carlos Alves só para espicaçar o deputado.

Nos últimos tempos, a família de Edmar Moreira voltou a ter poderes em São João Nepomuceno. A atual prefeita é Edmea Moreira, irmã dele, reeleita em novembro. Ela foi eleita pelo PSDB, numa chapa pouco comum, que teve como candidato a vice o petista José Maria Sampaio. Um grande cassino.

ABSURDAMENTE INACREDITÁVEL!!!!!!!!!

fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,castelo-de-edmar-moreira-seria-um-cassino,320963,0.htm

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RIO - A mídia deu ouvidos, mas a academia torce o nariz e até ridiculariza. A teoria do russo Igor Panarin, que teve destaque no "Wall Street Journal" e na rede CNN, prevendo a divisão dos EUA em seis partes em meados do próximo ano, é vista com grande ceticismo por especialistas dos EUA e do Brasil.
É bem improvável de acontecer, é claro: os planetas podem colidir, os dinossauros podem retornar e os Estados Unidos podem se dividir em seis diferentes blocos no futuro. Apesar de momentos difíceis estarem por vir, esse parece um resultado bem improvável - disse ao site do GLOBO Thad Dunning, professor do departamento de ciências políticas da universidade de Yale.
Embora não conheça a teoria de Igor Panarin, a professora de Relações Internacionais da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) Cristina Pecequilo disse que a idéia parece um exagero.
- Uma das grandes virtudes dos Estados Unidos foi justamente a manutenção da integridade territorial e mesmo da sua zona de influência - disse a professora.
Ela diz também que 2010 é uma data muito próxima, mas reconhece que o país enfrenta, sim, divisões.
- Existe uma América vermelha e uma azul, que apareceram nas eleições. A Azul é mais progressista, abriga imigrantes e negros e votou em Obama. A vermelha seria mais retrógrada, branca e religiosa. Mas falar em divisão seria um pouco de exagero.
Para Cristian Lobauer, cientista político do Grupo de Conjuntura Internacional da USP, se há um país que poderia ter uma divisão como a que Panarin aponta, essa nação é a Rússia:
- Que coisa mais ridícula! Essa teoria é maluca. Se há um país em que uma divisão dessas poderia acontecer é a Rússia, que desde o século XVIII tem uma formação artificial. A URSS foi uma formação bruta e, depois da queda de 1991, o país que sobrou ficou mais fragmentado ainda. Há vários territorios muculmanos, populações de etnias que revindicam secessão, uma população absolutamente diferente do povo russo no extremo oriente, entre outras coisas. Os Estados Unidos tem as instituições mais fortes do mundo. Podem falar o que quiserem do país, mas lá as instituições imperam, enquanto na Rússia as personalidades prevalecem. Por isso que se perpetuam líderes pragmáticos e populistas. Putin nada mais é que um czar pós-moderno.


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MILÃO E BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) poderá julgar nesta quarta o processo de extradição do italiano Cesare Battisti. Na última semana, cresceu o número de ministros dispostos a analisar o pedido feito pelo governo da Itália, mesmo após a concessão de refúgio a Battisti pelo governo brasileiro. Até agora prevalecia no STF o entendimento de que, após receber o refúgio, o preso ficava livre da extradição. Agora, pelo menos três ministros do Supremo acreditam que o italiano ainda pode ser extraditado. Nesta segunda, o governo da Itália entrou com um mandado de segurança no STF contra a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de conceder refúgio a Battisti.
No STF, apenas o presidente da Corte, Gilmar Mendes, defendia a tese de que a concessão de refúgio não interrompia o julgamento de caso de extradição na Corte. Mas outros dois ministros já deram sinais de que podem rever a jurisprudência do Supremo: o relator do processo no STF, Cezar Peluso, e o ministro Carlos Alberto Direito.
Na quarta-feira, o ministro Celso de Mello admitiu a possibilidade de Battisti ser extraditado . O ex-ativista de esquerda foi condenado na Itália à prisão perpétua por quatro homicídios cometidos na década de 70. Itália insistirá na extradição do ex-ativista, diz subsecretário
O subsecretário da Justiça da Itália, Giacomo Caliendo, disse nesta segunda-feira que o governo deve "continuar insistindo" com o Brasil para "induzi-lo" a aceitar o pedido de extradição de Battisti. As informações são da Agência Ansa.
- Vamos continuar insistindo com o governo brasileiro, porque é o único modo para induzi-lo a rever uma posição errada. Nós mantemos a nossa posição, inclusive porque o terrorismo na Itália foi processado dentro das normas legais e, diferentemente de outros países, foi combatido com processos - afirmou o subsecretário durante encontro realizado na Câmara de Comércio de Milão. Parlamento Europeu pede que Brasil revise decisão de conceder refúgio
Na quinta-feira, o Parlamento Europeu aprovou a resolução que pede para o Brasil revisar a decisão. Em Brasília, o Itamaraty informou que a missão do Brasil junto à União Europeia enviou aos parlamentares europeus um texto com esclarecimentos sobre o processo legal envolvendo o caso Battisti. No texto, assinalou que há uma lei no país delegando ao ministro da Justiça a tarefa de conceder o status de refugiado.
No documento, o Brasil também reafirma a confiança expressa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na carta enviada na última semana ao seu colega italiano, Giorgio Napolitano, na qual enfatizava "os laços históricos e culturais que unem o Brasil e a Itália" e que "continuarão a inspirar nossos esforços com vistas a aprofundar ainda mais nossas densas e sólidas relações bilaterais nos mais diversos setores".
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9.2.09
A impunidade e o medo são capazes de transformar cidadãos de bem em carrascos aplicadores da lei de Talião. Talvez seja essa a origem de um fenômeno curioso: o discurso pronto e unívoco contra 'a turma dos direitos humanos'.
Por 'turma dos direitos humanos', segundo este conceito difundido, leia-se um vasto grupo heterogêneo de pessoas que:
1) acham que a polícia não pode arrombar sua porta sem motivo e sem mandado, só porque você é pobre;

2) acham que a polícia não pode humilhar (e estapear, e prender etc) seu filho adolescente na rua só porque ele é ou aparenta ser um garoto de periferia, na cor da pele ou no estilo das roupas;

3) acham que as autoridades devem agir com inteligência e eficácia para identificar, julgar rapidamente e tirar de circulação os delinquentes, criminosos e facínoras, dando-lhes o encaminhamento adequado para que não voltem às ruas como fonte de risco;

4) acham que as autoridades erram com frequência;

5) acham que as autoridades abusam de seu poder, punindo com violência alguns e sendo benevolente com outros...


A 'turma' é, na verdade, a sociedade civil que espera ter o direito de viver com dignidade. Mas é intrigante que, nela própria, tantos se voltem contra seus interesses, sobretudo quando a sede de justiça fica forte demais, pendendo para a sede de vingança.


'Aqueles que mais necessitam da defesa dos direitos humanos, por vezes, são os mesmos que, de maneira extremamente vulgar, falam: 'lá vem a turma dos direitos humanos'', diz o historiador Marco Mondaini.

Pesquisador do tema, ele faz seu pós-doutoramento pela Universidade de Florença e acaba de lançar Direitos Humanos no Brasil*, publicado pela Unesco.

Nesta entrevista (que publico em partes a partir de hoje), Mondaini explica como o discurso se cristalizou e que implicações isso traz para a sociedade.

NÓS - No Brasil, a luta pelos direitos humanos foi importante em épocas em que cidadãos comuns eram ameaçados por regimes de exceção, que vitimaram inocentes, condenando e punindo sem investigação nem julgamento. Hoje, o conceito de direitos humanos aparece com frequência como um rótulo para aqueles que 'defendem bandidos', ou 'a turma dos direitos humanos'. Por que isso ocorreu?


MARCO MONDAINI - Esse pode ser considerado um exemplo claro das continuidades existentes no decorrer dos processos históricos. A vulgata "direitos humanos como defesa de bandidos" nasce no decorrer da ditadura, mas se refuncionaliza à medida que o país se redemocratiza, passando a ser utilizada contra as novas ações levadas a cabo seja pelos novos governadores eleitos no início dos anos 1980, seja pelos novos movimentos sociais que se multiplicam no mesmo período.
Lembro bem como, no decorrer do primeiro governo de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, a expressão reverberava à medida que eram tomadas decisões voltadas para a transformação dos aparatos policiais herdados da ditadura, isto é, medidas que fossem capazes de fazer com que tanto a polícia militar como a polícia civil não atropelassem os direitos civis das camadas mais subalternizadas da sociedade. Em poucas palavras, a intenção de Brizola - e esse é apenas um exemplo possível - era fazer com que os policiais se adequassem ao Estado de Direito Democrático que se afirmava no País. E para que isso se realizasse, dever-se-ia partir do núcleo fundamental contido na doutrina dos direitos humanos - o direito à privacidade do lar.
Em suma, a ordem era para que as investidas policiais nas favelas cariocas fossem pautadas pelo respeito aos lares dos seus moradores.
(continua)



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30.1.09
BELÉM - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta-feira, ao Conselho Internacional do Fórum Social Mundial (FSM), em Belém, que na próxima edição do evento, prevista para 2011, deverá ser substituído pela ministra da Casa Civil, Dilma Roussef). Acompanhado de vários ministros, Lula só passou a palavra a Dilma, e pediu que ela anunciasse algumas medidas na área de comunicação, de interesse das organizações sociais que integram o FSM. Nesta quinta, em discurso no Fórum, Dilma afirmou que o Brasil está preparado para ter uma mulher na Presidência, apesar de dizer que ainda não é candidata.
O presidente perguntou aos conselheiros quando seria realizada a próxima edição centralizada do FSM e, ao ser informado que provavelmente ela só acontecerá em 2011, aproveitou a deixa:
- Se fizerem em 2010, poderei ir como presidente. Se for em 2011, já vai ser a Dilma - disse Lula, segundo três participantes da reunião, que foi fechada e reuniu mais da metade dos 140 conselheiros.
Quando passou a palavra à ministra, o presidente nao usou a palavra "candidata", mas o gesto foi compreendido por boa parte dos conselheiros brasileiros, que aplaudiram a ministra. Dilma anunciou que em breve o presidente assinará uma medida para viabilizar a conferência nacional da comunicação, e explicou que pretende resolver a situação de rádios e TVs comunitárias.
Os organizadores do FSM disseram ao presidente que estará em debate a possibilidade de a próxima edição do FSM ser montada no Oriente Médio ou nos Estados Unidos, locais estratégicos para o crescimento do evento, mas explicaram que precisariam do apoio da diplomacia brasileira para conseguir liberação de vistos dos participantes de todo o mundo nestes países. Lula prometeu ajuda.
Durante a reunião, convocada por ele próprio, o presidente também falou da crise econômica global e do conflito entre Israel e Palestina. Sobre a crise, Lula frisou que seu governo nâo repassou dinheiro público para o sistema financeiro, como os governos da Europa e dos Estados Unidos vêm fazendo, mas para o setor produtivo. Segundo afirmou, a saída será aplicar recursos no setor produtivo e regular o sistema financeiro. O presidente disse ainda acreditar que a crise obrigrá os países a repensarem a governança global e reconstrurem as instituições mundiais. Lula frisou que os cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são justamente os maiores produtores de armas do mundo. Segundo os conselheiros, o presidente disse que o país não pretende fortalecer o G-8.
Com relação à Palestina, o presidente revelou que conversou com um embaixador da Autoridade Palestina e perguntou se poderia conversar também com um representante do Hammas, para tentar uma conciliação, mas a resposta da Autoridade foi negativa. O presidente teria afirmado que "quem deve sentar na mesa não são só Autoriadade Palestina e Israel, mas também o Hammas".


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RIO - Em meio à crise diplomática, leitores do site do GLOBO protestam contra a concessão de refúgio político ao ex-ativista de esquerda Cesare Battisti, cuja extradição fora requerida pelo governo da Itália. Dos mais de 3 mil internautas que participaram de enquete no site, 82,94% são favoráveis à extradição de Battisti. Apenas 17,08% apoiam a decisão do governo brasileiro.

"Chega a ser grotesco e até surrealista. Há muito tempo, esse criminoso deveria ter sido entregue às autoridades de seu país. É isso que o povo brasileiro pensa, e gostaria o mesmo de seus representantes. O lugar do Sr. Cesare é na Itália e não no Brasil", diz Hélio Monteiro Penha.
O internauta Willian Aparecido Martins chega a defender a reação hostil do governo italiano em relação ao Brasil.

"A decisão de conceder asilo político ao Cesare Battisti está gerando uma crise diplomática entre Brasil e Itália. Defendo a postura do governo italiano em ser hostil com o governo brasileiro, pois estamos permitindo que um criminoso que já foi julgado e condenado fique impune, protegido pela tolerância do governo brasileiro. O governo italiano tem todo o direito de buscar mecanismo que obriguem o governo brasileiro a extraditar Battisti", diz.
Mas a internauta Cristiana Giustino pondera:
"As reações do governo italiano parecem desmedidas, principalmente se consideremos que partem, na maior parte, de expoentes do governo Berlusconi. Há que se considerar também que a Itália tem um passado mal-resolvido com seus extremistas de esquerda (como o Brasil tem com os seus de direita)".
Para Paulo Roberto Moraes de Aguiar, a questão ideológica pesou na hora da concessão do refúgio político.

"Cesare Battisti foi um ativista de esquerda. Por isso tem a simpatia de muitos do governo brasileiro, assim como tem um Fidel, um Guevara, etc... O fanatismo ideológico só vê o lado revolucionário, romântico dos seus ídolos", diz o leitor, apoiado pela internauta Gisela Cullen:
"Ideologia pura, se o sujeito fosse de direita já estava na Italia a muito tempo".
Já Luiz Alberto Pires da Silva lembra o caso da deportação dos pugilistas cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, no ano passado, para questionar a decisão do governo:
"Só não entendo porque os atletas cubanos não foram acolhidos quando resolveram não voltar para Cuba", alfineta.

E TEMOS QUE AGUENTAR!!!!

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29.1.09
RIO - Em entrevista à revista "Isto É" , o ex-ativista italiano Cesare Battisti, a quem o governo brasileiro concedeu refúgio político, reitera sua inocência, afirmando mais uma vez que "não matou ninguém". Sobre a acusação de assassinato feita por Alberto, filho do joalheiro Pierluigi Torregiani, que sofreu um atentado dos Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), ele diz que é resultado de pressão do governo. Battisti diz ainda que na época dos assassinatos dos quais é acusado, não fazia mais parte dos PAC.
"Eu nunca matei ninguém. Eu nunca fui um militante militar em nenhuma organização. Nem na Frente Ampla nem nos PAC, onde fiquei dois anos, entre 1976 e 1978. Saí dos PAC em maio de 1978, depois da morte de Aldo Moro".

Sobre estar sendo o pivô de uma crise diplomática entre Brasil e Itália, o escritor disse não entender a razão e não acreditar no que está acontecendo. Para ele, o caso está sendo super-dimensionado e há uma reação exagerada por parte da Itália.

"Eu, sinceramente, não acredito que tudo isso esteja acontecendo. É enorme, é exagerado. Eu não sou essa pessoa tão importante. Sou um dos milhares de militantes italianos dos anos 1970. Sou um das centenas de militantes que se refugiaram no mundo inteiro, fugindo dos anos de chumbo da Itália. Por que tudo isso comigo? Por que o presidente e os ministros italianos estão reagindo dessa maneira pessoal?"
Ele se revelou confiante na Justiça brasileira e diz não temer que o país volte atrás na decisão tomada pelo ministro Tarso Genro:

"A decisão do ministro Tarso Genro é bem fundamentada. Ele analisou todos os documentos. Não foi uma leitura superficial. E a perseguição política está provada. Acho que o gesto do ministro foi de coragem e de humanidade. O Brasil me concedeu meu refúgio político. O procurador-geral da República deu parecer favorável ao refúgio. Acho que o Supremo irá na mesma direção, que já tomou em outros casos"
Cesare Battisti contou que escolheu o Brasil como refúgio pela semelhança do povo brasileiro com o italiano e por saber que o país refugiava muitos compatriotas seus, com quem tinha contato. Ele disse que ao vir para o Brasil, em 2004, tinha apenas o contato de Ziraldo e de Fernando Gabeira (PV-RJ), com quem tinha amigos em comum.

"Gabeira foi muito receptivo comigo. Eu não falava português, mas ele falava francês e italiano. Foi uma grande ajuda para mim, psicologicamente".
Quando tentava sair da Itália, Battisti recebeu ajuda da França, de um movimento intelectual que se manifestou a seu favor, e de alguns membros do governo que haviam se comprometido em ajudar refugiados italianos. Veio para o Brasil em 2004 e entrou no país por Fortaleza. Ele diz que foi monitorado no Brasil, por cerca de dois anos e meio, por brasileiros e franceses, e também por italianos.
"Em todos os lugares, alguém sabia que eu estava chegando. Em Fortaleza, foi na fila do controle de passaporte. Faltava pouco para a minha vez. Chegaram três pessoas. Uma delas, uma mulher, falava francês perfeitamente. Falou que precisava ativar o código de barras de meu passaporte. Me levaram para uma sala, me convidaram para um cafezinho e, depois de dez minutos, me devolveram o passaporte".
Battisti disse que continua sendo um "comunista de verdade", no que se refere a suas idéias e não a suas ações, mas conta que, se pudesse, mudaria os meios utilizados para alcançar resultados. E disse que, agora, sua maneira de intervir é através da escrita e do voluntariado:

"Não mudaria minhas ideias, mudaria os meios para alcançar os resultados. Nunca acreditei que se podia mudar o mundo matando pessoas. Nem quando entrei nos PAC, porque a organização não incluía a morte de pessoas em suas diretrizes. Os PAC se diferenciavam das Brigadas Vermelhas e de outras organizações por esta razão. E foi este o motivo de minha ruptura com os PAC depois da morte de Aldo Moro. Os PAC defenderam a morte de Aldo Moro".


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