SÃO PAULO - O borracheiro José Barra Nova de Melo, de 46 anos, foi preso na tarde desta quinta-feira na cidade de Catanduva, com 115 mil habitantes e distante 379 quilômetros da capital, acusado de pedofilia. Segundo a polícia de Catanduva, algumas crianças molestadas por ele eram aliciadas na saída de escolas onde estudam.
A delegada Rosana da Silva Vanni, da Delegacia de Defesa da Mulher, disse que pelo menos 36 mães já procuraram a secretaria municipal de educação da cidade para relatar que seus filhos teriam sido abordados ao saírem da escola. A prisão preventiva foi decretada pelo juiz da 1a Vara Criminal de Catanduva, Celso Mazziteli, e Melo foi encaminhado à cadeia pública do município.
De acordo com a delegada Rosana Vanni, a investigação de pedofilia começou no dia 14 de dezembro. Duas mães foram até uma delegacia reclamar que o borracheiro havia tirado fotos do rosto de seus filhos. As crianças havia sido convidadas a ir até a casa de Melo. A polícia militar foi acionada e foi até a residência.
No local, foram encontradas fotos de crianças, algumas nuas, e filmes pornográficos comerciais. Uma das fotos tiradas insinua que a criança estava mantendo relações sexuais. Foi instaurado um inquérito e as crianças - meninos e meninas - passaram a ser ouvidas.
As crianças relataram que eram atraídas até a casa de Melo com a oferta de doces e dinheiro. O acusado também se oferecia para consertar bicicletas, fazer pipas e jogar videogame com as vítimas. Segundo as nove crianças ouvidas até agora, que têm idades entre 5 e 14 anos, Melo fazia carinhos simples e depois tentava molestá-las. A delegada disse que há casos em que a vítima relatou a prática de sexo oral. Um delas disse que o homem tentou fazer sexo anal, mas a criança não permitiu.
- Já ouvimos crianças com idades de 5, 8, 10, 12 e um adolescente de 14 anos. Em uma vítima de 10 anos foram constatadas lesões no pênis - disse a delegada.
Ela contou também que está apurando a denúncia de que o borracheiro usou um chicote e facas em algumas das vítimas. Ouvidas pela delegada, elas foram encaminhadas para exame de corpo de delito. A polícia investiga também se Melo atacava as vítimas num matagal por causa de fotos encontradas na casa.
O acusado, segundo a delegada, já tinha um pedido de prisão no estado de Pernambuco pelo mesmo crime.
A delegada espera que as mães que fizeram denúncias contra o borracheiro na secretaria de educação compareçam agora à Delegacia da Mulher para confirmar a acusação. Ela quer tomar o depoimento das crianças e concluir o inquérito até o dia 22 de janeiro para remetê-lo ao fórum da cidade.
O borracheiro será enquadrado nos crimes de atentado violento ao pudor, exposição de menores a material pornográfico e participação da produção desse material (crimes previstos no Estatuto da Criança), além de corrupção de menores. Caso seja condenado, Melo pode pegar 10 anos de pena.
Em depoimento à delegada, o acusado negou as acusações de pedofilia. Ele disse à delegada que as fotos e os filmes pornográficos encontrados na residência eram de um amigo que esqueceu o material na casa. Ele contou que não tinha conhecimento de como o material foi produzido.