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19.7.09

Por Sanny Lemos*

Violência!!! palavra forte, antiga, silenciosa e traumática que está cada vez mais presente na vida dos indefesos. O silêncio ainda é o maior cúmplice dessa chaga que cresce e se alastra por todas as camadas sociais, afetando principalmente as nossas crianças e adolescentes.
Na verdade as discussões surgem cheias de esperanças de minorar o sofrimento daqueles que não tem voz e vez, estando sempre à espera de uma mão amiga e um coração puro, capaz de olhá-los como se olha um filho, sem preconceitos e sem demagogias.
Durante muitos anos acumulei experiências que nasceram nas ruas, nos barracos, na ladeira do Pelô, nas escadarias da igreja da Sé em São Paulo, nos guetos e vilas onde ninguém tinha, ou tem coragem de passar, porque o preconceito e o medo os afasta da realidade.
Acompanhei a buracracia da justiça nos processos de adoções bem e mal sucedidas, e na solidão das mães que choram ao entregar seus filhos, abrindo mão do amor em nome da sobrevivência. Andei pelos viadutos, e assitir o sono assustado de meninos e meninas nos bancos de jardins e no chão da praça, retorcendo-se de frio, agarrando-se uns aos outros na disputa por um pedaço de papelão ou um trapo velho, dividindo restos de comida dentro de um saco plástico - único alimento do dia.
E este é o lado mais triste e cruel da violência silenciosa, desumana, que parece despercebida por quem passa apressado para o trabalho, para o lazer, e outros que vão engrossando as fileiras dos excluídos, aumentando cada vez mais essa corrente de sofrimentos. Sentei-me ao lado de muitas dessas vítimas que fazem do pedaço de chão da praça a sua casa, que usam o ceu estrelado ou cinzento como cobertor, e muitos cheiram cola para esquecer a fome e o medo da morte em cada esquina. Brigar e lutar por elas? bem que tentei várias vezes, mas dificilmente era ouvida, pois aqueles que poderiam e podem mudar essa situação, não querem e não desejam ouvir verdades, e sim, concordâncias.
Muitos desses seres indefesos já nasceram nas ruas, outros fugiram de uma instituição onde eram violentados por tios e tias que de carinhosos não tinha nada, apenas um rótulo para encobrir as monstruosidades que são capazes de fazer contra essas crianças, sem que os órgãos responsáveis pela fiscalização tomem alguma providência, pois também não podem se expor por motivos de apadrinhamento político ou sei lá o que...
Essa é a maior violência entre todas elas, pois está escancarada e bem visível aos olhos dos senhores promotores de igualdade, que diariamente passam por esse cenário com com as janelas do carro fechadas, para não enxergar a realidade criada por eles, em nome de uma política perversa que só sabe fazer discussos e promessas para convencer uma boa parte da sociedade muda, surda, insensível e desinformada, a mantê-los no poder à qualquer preço.

"Mais do que máquinas, precisamos de humanidade,
Mais que inteligência, de afeição e doçura."

Charlie Chaplin

*Sanny Lemos é Assistente de Prevenção Social, atuando na Vara da Infância e Juventude de Feira de Santana
Texto extraído do site "Comunidades Virtuais de Aprendizagem"
link do postPor anjoseguerreiros, às 21:36  comentar

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