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2.3.09
Para quem pensava que o caso Abdelmassih estava relegado ao esquecimento, enganou-se. Nós iremos fazer plantão até que sejam apuradas as denúncias. O que acontece é que a mídia é ingrata; ainda mais neste caso, onde pouco se falou na imprensa. Eles passam de uma tragédia à outra, sem resolver nenhuma. E nós, modestas blogueiras ficamos atrás de novidades, mas nem sempre obtemos êxito.
Mas não sejamos tão modestas assim; afinal, no mês de março estamos aguardando que a revista Gloss venha com matéria exclusiva à respeito, trazendo o depoimento de algumas de nossas leitoras. Através de nossa intermediação parece que a revista conseguiu conversar com muitas das vítimas. Vamos aguardar...
Enquanto isso, vamos perguntando se alguém sabe por onde anda Lilian Cristofoletti (foto menor).... Ela foi a primeira a colocar o caso do médico na mídia, mas anda meio sumida desde então...........Por que será? Parece que está lá pelas bandas de Madrid, mas o mais interessante é que não se encontra sua imagem disponível no google e suas reportagens também não são achadas com facilidade, na pesquisa da Folha. Será que aí tem coisa???????? Se alguém souber, conte para a gente........
Vamos recordar a reportagem da jornalista publicada em 09 de janeiro de 2009, na Folha de São Paulo e relembrar o depoimento de duas vítimas corajosas, que buscaram a polícia: Bruna e Claúdia.

Médico é investigado por supostos crimes sexuais

Um dos pioneiros da fertilização in vitro no Brasil e um dos especialistas mais procurados em sua área, Roger Abdelmassih, 65, está sendo investigado na Delegacia de Defesa da Mulher e no Ministério Público do Estado de São Paulo por suposto crime sexual contra pacientes.
A polícia e os promotores colheram o depoimento de oito ex-pacientes e de uma ex-funcionária, que acusam o médico de tentar molestá-las. Ouviram também o marido de uma das acusadoras.
São mulheres entre 30 e 40 anos, casadas, bem-sucedidas profissionalmente, de pelo menos três Estados diferentes, que não se conheciam. Nenhuma delas aceita revelar publicamente sua identidade -com exceção da ex-funcionária (leia texto abaixo).
Dizem ter sido surpreendidas por investidas do médico quando estavam sozinhas -sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.
A investigação começou em maio no Gaeco, grupo especial do Ministério Público paulista. Para os promotores José Reinaldo Carneiro, Luiz Henrique Dal Poz e Roberto Porto, "já há indícios contundentes contra Abdelmassih, suficientes para denunciá-lo à Justiça"."São relatos detalhados de diferentes vítimas, mulheres que não ganham nada contando isso. As histórias têm muitas similitudes e são bastante verossímeis", afirma Dal Poz.
O Ministério Público não tem prova material contra o médico, apenas relatos. "É um tipo de crime perverso, que nunca tem testemunhas nem deixa marcas. Só na alma da mulher", afirma Carneiro.
À Folha, Abdelmassih repudiou as acusações e disse ver ação orquestrada por concorrentes. "Não sou louco. Se sou alguém querido e a pessoa quer se irritar, quer entender que houve algo que não existiu, não posso fazer nada. Seis, sete mulheres [que acusam]? Tenho 20 mil pacientes que se submeteram à fertilização in vitro, são 7.500 crianças nascidas. Vou levar um caminhão de testemunhas", afirma o médico (leia entrevista ao lado).
O crime investigado é atentado violento ao pudor (ato libidinoso diferente de estupro), que pode acarretar até dez anos de prisão. O médico ainda não foi ouvido e não teve acesso à identidade das acusadoras. Chamado a depor no Ministério Público em agosto, Abdelmassih apresentou atestado médico para não comparecer.Em novembro, o inquérito desapareceu no Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Depois de 30 dias, foi dado oficialmente como perdido, e um novo foi refeito a partir de cópias dos depoimentos.
Às vésperas do Réveillon, um segurança encontrou o inquérito, que tem cerca de cem páginas, em um banheiro do fórum. O Judiciário abriu sindicância para apurar o ocorrido.
Esta não será a primeira tentativa do Ministério Público de denunciar Abdelmassih. Em setembro, os promotores ofereceram acusação formal contra o médico com base em dois casos: o da ex-funcionária e o de uma ex-paciente que acredita ter sido vítima de violência sexual enquanto estava sedada em 1999.
A denúncia, porém, foi rejeitada pela juíza Kenarik Boujikian Felippe sob o argumento de que o Ministério Público não tem poder de investigação. No mesmo dia, ela enviou o caso à polícia, que passou a trabalhar com a Promotoria.
Uma das principais dificuldades dos promotores é convencer as supostas vítimas a depor. Apesar de se dizerem indignadas com o que teria ocorrido, a maioria reluta -além das nove depoentes, seis mulheres contaram suas histórias ao Ministério Público, mas não quiseram formalizar uma acusação.AnonimatoSob a condição de não revelar nomes verdadeiros, a Folha conversou com três mulheres que falaram à polícia e com duas que não querem depor.
A executiva Cláudia, 49, alega ter sido assediada pelo médico em 2003. "Aconteceu no dia em que fui implantar os embriões. Estava na sala de recuperação, me arrumando para sair, quando o dr. Roger entrou, me abraçou e disse que tinha pena por meu marido não estar lá. Ele me deu um selinho na boca, eu me afastei. Demorei para entender o que estava ocorrendo, mas aí ele prendeu o rosto com as mãos e passou a me beijar à força."Ela diz que tentava afastá-lo, mas se sentia fraca por estar voltando de uma sedação. "Juntei as forças que tinha e gritei. Ele se assustou e deixou o quarto."Cláudia afirma ter entrado em depressão. "Eu carregava cinco embriões em meu útero, não poderia abandonar a chance de ser mãe, mas não queria voltar. Fiquei pensando se tinha culpa, se tinha dado alguma abertura a ele."Ela não contou ao marido e, quando soube que não tinha engravidado, voltou à clínica. "Xinguei, quebrei coisas. Ele ficou impassível. Nunca mais voltei nem tentei mais engravidar. Foi o fim do sonho de ser mãe", afirma. Na época, Cláudia não deu queixa, mas agora, após a abertura da investigação, aceitou falar à polícia.
Questionado pela Folha, Abdelmassih diz que não pode responder a acusações como essa porque não teve acesso aos depoimentos. "Não sei quem são essas mulheres nem por que estão dizendo isso."Em agosto de 2006, outra ex-paciente, Vera, 34, foi à 2ª Delegacia de Defesa da Mulher de SP registrar boletim de ocorrência contra o médico por "importunação ofensiva ao pudor". Vera diz que estava na sala de Abdelmassih, se despedindo, quando ele "tentou beijá-la à força". Afirmou que o médico agia de "forma natural e perguntava o motivo de ela suar frio". Como Cláudia, Vera também não parou o tratamento, porque já estava na fase de implantação dos embriões, mas exigiu que fosse supervisionado por outro médico na mesma clínica. Ela conseguiu engravidar.
Sobre esse caso, em que há um BO, Abdelmassih diz que se lembra da ex-paciente, mas que ficou espantado ao saber da acusação. "Eu me lembro que, ao sair da clínica, grávida, ela veio me dar um beijo e um abraço de agradecimento. Me diga: se tivesse havido assédio, ela teria feito isso?"Para o promotor Dal Poz, a preocupação das mulheres em manter o anonimato é comum em crimes sexuais. "Há um receio do que irá acontecer com a própria imagem, com a repercussão dos fatos na família e na sociedade. É uma reação de proteção. A vítima se retrai", afirma.Abdelmassih considera o comportamento estranho. "Se alguém é vítima de assédio, continua o tratamento?", questiona.
A executiva Bruna, 40, diz que, em 2006, após ter se submetido à extração de óvulos, ainda estava no quarto de recuperação quando foi beijada por Abdelmassih."À medida que despertava, me vi sentada na maca, escorada pelo médico, que me dizia para continuar beijando-o na boca. Uma das mãos dele estava no meu peito, por dentro do avental cirúrgico. Depois, apaguei de novo."Bruna afirma que, ao recobrar a consciência, viu Abdelmassih com a braguilha da calça aberta, usando a mão dela para se masturbar. "Comecei a chorar. Como se fosse uma coisa normal, ele disse que, se eu não quisesse, ele parava. Ainda antes de deixar o quarto, ele perguntou se eu poderia me vestir sozinha. Saí, fui para a recepção encontrar o meu marido. Só conseguia chorar."Bruna afirma que não levou o caso à polícia por temer eventual retaliação de Abdelmassih, por ele ser um médico famoso. Mas, por recomendação de um amigo, lavrou uma escritura pública detalhando o episódio-a Folha leu o documento.Abdelmassih também não comentou esse caso por não conhecer a identidade da acusadora. "Como vou saber se de fato é uma ex-paciente?"



link do postPor anjoseguerreiros, às 14:15  comentar

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colaboradores: carmen e maria celia

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