id="BLOGGER_PHOTO_ID_5331323449928843922" />Causas, origens, religião e comportamento sexual.
Ao fazer pesquisas na web é incrível como ainda esbarramos em informações erradas, preconceituosas, difamatórias e não corretas a respeito do "homossexualismo", termo não mais usado por remeter a época em que a prática sexual entre pessoas do mesmo sexo era considerada uma perversão sexual pela ciência (sufixo "ismo").
Além disso muitos destes textos falam sobre as "possíveis" causas e origens que, se você pensar, é um verdadeiro ato de preconceito. Ou você já leu algo sobre as "causas e origens da heterossexualidade?". Se leu, com certeza foi um artigo meu, com o mesmo título, satirizando a frenética - e obsessiva - busca de estudantes e pesquisadores em descobrir as causas e origens da (sua própria?) homossexualidade.
Para ajudar, alguns religiosos, sem estudos científicos e com sérios problemas internos com relação a (sua?) homossexualidade, se acham no direito de escreverem textos e artigos sobre a prática sexual erroneamente combatida durante anos. Vale dizer que, em meus estudos, e que também cito em meu livro chamado (sobre a homossexualidade, mais info visite: ), notei que este problema é muito mais grave do que se imagina.
Ao pesquisar sobre as práticas homossexuais, durante anos, e por ser também homossexual, me deparei com algo muito mais problemático chamado sexualidade humana. Notei que, as pessoas não sabem o que é sexo. Não existe diálago dentro da família, escola e mídia. Tudo ainda é muito obscuro, proibido e acontece quase que "ao acaso". E sempre de forma reprimida. Para terem idéia a castração sexual na sociedade é tão grande que a população ainda sofre deste mal.
Sexo é pecado? Se masturbar é algo ruim? Acreditem ou não, até livros de médicos, escritos para outros médicos nos séculos passados, diziam que sim, lembro-me de um livro que dizia que, ao se masturbar, a pessoa perdia sangue e, dependendo, poderia vir a falecer. Em artigos médicos, também antigo, diziam que a masturbação era a causadora oficial da epilepsia. Ridículo não? O pior é que coisas absurdas com relação a sexualidade continuam sendo ditas. Mas até quando?
Ai você para e pensa. Se a sexualidade humana é deturpada, principalmente por alguns religiosos ortodoxos (lembre-se que até hoje a igreja católica é contra o uso de preservativos), imagine então o que falam da homossexualidade? Para ajudar, nas poucas vezes que ela é citada é sempre na forma mais negativa e condenativa possível.
As pessoas precisam entender, de uma vez por todas, que o homossexualismo, ou homossexualidade, é apenas uma expressão natural da sexualidade humana. E que não existe diferenças entre os relacionamentos heterossexuais e homossexuais.
Muitos mitos precisam ser quebrados e eliminados por terem sido criados com base no preconceito e ignorância. Já ouviu falar que a homossexualidade é gerada, ou causada, porque o homossexual teve um pai ausente? Eu conheço muitos heterossexuais que tiveram - e ainda tem - pai ausente e nem por isso deixaram de ser heterossexuais. Já ouviu falar que gays são promiscuos e não conseguem ter relacionamento fixo? Eu conheço muitos heterossexuais que também são e não conseguem ficar muito tempo com alguém. Além de vários casamentos fracassados ou terminados. Ou ainda, a cura da homossexualidade? Ou a mudança saudável para deixar de ser homossexual? Porque eles não criam também a cura da heterossexualidade? Ou para deixar de ser heterossexual? Isso é preconceito e ignorância. Não se cura algo que não é doença. Não se muda um desejo por vontade racional.
O que existe, na minha forma de ver o mundo, é uma quantidade absurda de informações desencontradas a respeito da homossexualidade. Quando estudantes, filhos, mães aflitas, professores, educadores, apresentadores de TV, jornalistas e uma infinidade de diferentes pessoas me procuram para falar sobre o assunto, eu procuro passar o máximo de informações corretas embora, muitas vezes, não tenha tempo suficiente para isso. Por isso, na maioria das vezes, recomendo meu livro por ter sido escrito especialmente para ajudar nestas informações.
Mas o fato é que, informações erradas, preconceituosas e até ridículas existem - e muitas - tanto na web quanto fora dela e por isso minha grande preocupação com aqueles que querem saber mais sobre o assunto. Minha dica é, cuidado com tudo o que você lê, escolha profisisonais e estudiosos sem vínculo algum com qualquer tipo de religião (pois a maioria condena, exceto as releituras feita pelas igrejas inclusivas) e fique de olho até mesmo em alguns profissionais com diplomas de psicólogo. Quando estudei psicologia, por exemplo, notei que muitos da minha sala, e de outras faculdades, em congressos, tinham o mesmo problema da população em geral: não entendiam nada de sexualidade humana, muito menos da homossexualidade.
Para quem tem tempo e interesse em mais informações, além do meu livro já citado, recomendo a leitura de meus artigos, sempre atualizados, neste link:
Vamos acabar com o preconceito e, principalmente, com a falta de informação!
A homossexualidade não é transtorno médico ou psiquiátrico. É, contudo, um aspecto da condição humana que tem profundos efeitos sobre a vida dos indivíduos, das comunidades e da sociedade como um todo. A escolha dos membros do próprio sexo para relações sexuais e parceria doméstica íntima é ocorrência relativamente comum no mundo e através dos tempos, representando uma resposta particular a fatores biológicos, psicológicos e sociais inter-relacionados que dão origem à identidade pessoal e ao comportamento interpessoal. Apesar da presença universal de indivíduos homossexuais na história e na sociedade, o tema homossexualidade continua trazendo disputa e controvérsia. Discussões sobre homossexualidade costumam ser influenciadas por ignorância, medo e fuga, colidindo com dogmas morais e religiosos e contrastando com intuitos políticos.
Não obstante, a literatura psiquiátrica e científica com referência à homossexualidade tem crescido em qualidade e quantidade nos últimos 25 anos. A literatura agora dá uma perspectiva madura da homossexualidade, bem como uma orientação firme referente aos modos com os quais os médicos podem ter impacto positivo sobre a vida de seus pacientes gays ou lésbicas. Os médicos que compreendem os pontos de vista atuais sobre homossexualidade estão em posição de fornecer um atendimento clínico excelente a pacientes individuais e uma liderança humana em suas instituições e comunidades. Sem tal conhecimento, os médicos correm o risco de repetir ações preconceituosas e prejudiciais que costumavam caracterizar o tratamento médico de gays e lésbicas no passado. Este artigo fornece um panorama geral da homossexualidade e pretende ser um guia básico para psiquiatras e médicos gerais.
As informações sobre homossexualidade se propagam amplamente entre as disciplinas de psiquiatria, psicologia, medicina geral, neurociências, sociologia e antropologia. Desta forma, é difícil para quem não seja especialista encontrar, muito menos avaliar, a ciência e conhecimentos agora à disposição. A American Psychiatric Association reconheceu a necessidade de uma referência abrangente que tornaria a literatura acessível a generalistas e A especialistas igualmente. A resultante é Textbook of Homosexuality and Mental Healt, que continua a ser a melhor referência para psiquiatras e médicos gerais. Este artigo de eMedicine deve muito ao Textbook e acrescenta perspectivas adicionais de literatura mais recente.
Neste ponto, é útil analisar algumas definições e conceitos básicos. O termo identidade sexual refere-se à sensação interna de um indivíduo sobre ser masculino ou feminino, menino ou menina, homem ou mulher. De acordo com a psicologia do ego, a identidade sexual se desenvolve cedo na infância e normalmente se solidifica por volta dos 2,5 anos (Yule, 2000). A maioria dos homossexuais tem identidade sexual firmemente estabelecida e compatível com seu sexo anatômico. Por exemplo, um homem homossexual entende a si mesmo como homem, assim como o heterossexual. Quando a identidade sexual não fica firmemente estabelecida, um indivíduo pode apresentar sofrimento psicológico significativo, o que se denomina disforia sexual.
O termo orientação sexual se refere aos desejos e preferências de um indivíduo referentemente ao sexo dos parceiros íntimos. Como a identidade sexual, a orientação sexual se baseia em construções psicológicas conscientes e inconscientes profundas. Como Kinsey e cols. mostraram, a orientação sexual é mais uma dimensão do que uma categoria. Isto significa que os indivíduos tendem a apresentar uma gama de preferências e desejos, e não caem em categorias organizadas e mutuamente exclusivas.
Quem é homossexual? No nível da psicologia individual, a maioria dos adultos se sente e se identifica aos outros como heterossexual ou homossexual, apesar da fluidez bem reconhecida da orientação sexual humana. Um número menor de adultos se sente como tendo relativamente pouca preferência por um sexo em relação a outro, e se identifica como bissexual. Os termos gay e lésbica têm sido adotados por grande número de indivíduos auto-identificados como homossexuais e têm sido os modos preferidos de referência à sua orientação sexual, bem como à cultura que os indivíduos homossexuais têm desenvolvido como alternativa para a cultura principal (heterossexual).
No nível social, há notavelmente pouca tolerância com as variáveis expressões de orientação sexual e tende a haver uma obrigação em identificar os indivíduos como sendo heterossexuais ou homossexuais. Por exemplo, muitas organizações militares, religiosas, de educação e de voluntários costumam demonstrar intenso interesse se um de seus membros é ou não homossexual e determinam modos de lidar com o indivíduo, uma vez aplicado este rótulo a ele. A intenção, geralmente, é expulsar ou marginalizar de algum modo o indivíduo homossexual.
As graduações de orientação sexual recebem pouco crédito e costuma haver a noção de que evidências de comportamento orientado para o mesmo sexo indicam que um indivíduo seja homossexual. Esta escolha forçada de categorias rígidas e predeterminadas é prática que tem claros paralelos com atitudes e práticas racistas. Por exemplo, indivíduos têm sido categorizados como de cor ou brancos, com o status estimagtizado da cor escura conferido a pessoas de herança mista até quando a maioria de seus parentes é branca.
O interessante é que há importantes instituições sociais, primariamente nas artes, em que a orientação sexual parece ser mais fluida, as categorias de orientação são definidas de maneira menos clara e as práticas discriminatórias são muito menos importantes. De fato, certos artistas (como Michael Jackson) encontraram vantagens comerciais em cultivar uma imagem de identidade e orientação sexuais ambíguas. A expressão mais direta de uma identidade homossexual ainda pode levar a controvérsia e problemas profissionais em potencial para artistas importantes, como a comediante americana Ellen DeGeneres.
Complicando ainda mais o quadro, há o fato de que identidade, orientação, comportamento e atração podem ser expressos de modo que integrem elementos aparentemente contraditórios. Por exemplo, alguns indivíduos que se acham heterossexuais se envolvem em comportamentos homossexuais e vice-versa. Outras dimensões da escolha do parceiro podem receber peso juntamente com o sexo e, por vezes, podem ser de maior importância. Os indivíduos podem preferir um papel sexual mais ou menos ativo, parceiros mais jovens ou mais velhos, um ou outro foco físico de sensação erótica, uma ou outra atividade erótica, parceiros exclusivos ou não, sexualidade integrada com outros elementos de relacionamentos ou sexualidade desprovida de relação pessoal, configurações familiares estendidas ou nucleares e estilos de vida que variam de modos tradicionais a arranjos não-convencionais. Resumindo, a sexualidade vem em mais variações do que os indivíduos e a sociedade comumente reconhecem.
Novamente, deve-se enfatizar que a homossexualidade não é um transtorno psiquiátrico. Neste tópico, analisaremos brevemente transtornos psiquiátricos que envolvem elementos da sexualidade e que poderiam ser confundidos com homossexualidade. O objetivo desta discussão é diferenciar esses distúrbios da homossexualidade e encaminhar os leitores a outros artigos de eMedicine para maior discussão.
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