SÃO PAULO - Valéria Pereira da Silva, a mãe da adolescente de 15 anos que misturou veneno de rato no pó de café usado pelos pais, está sendo ameaçada de morte no bairro onde mora, em Peruíbe, litoral sul de São Paulo.
A mãe é vítima da sede de vingança dos traficantes locais desde que retirou, com o auxílio da polícia, a filha da boca, onde ela morou por quase dois meses, entre novembro de 2008 e janeiro deste ano.- Nunca chegaram a me ligar, mas estamos sempre ouvindo o boca-a-boca que querem me matar - conta Valéria.
O marido, Ari Gomes da Silva, e a irmã, Patrícia Gomes dos Santos, dizem também já ter ouvido as ameaças. Nesta quinta, o pai abraçou M, que é a mais velha dos cinco filhos do casal, ouviu que ela está arrependida e quer que os pais e familiares a perdoem. Ele aceitou as desculpas.
- Tudo o que a gente quer é que ela seja tratada e volte a ser a mesma menina que era antes. Só Deus sabe a dor de uma mãe que tem uma filha nessa situação - afirma Valéria.
A família luta para que o Conselho Tutelar de Peruíbe encontre um abrigo onde o vício da jovem seja tratado. Até a noite de ontem, o destino da jovem ainda não estava definido.
O pai, a mãe, uma tia e uma avó da jovem beberam o café envenenado e foram parar no hospital, com vômitos, tontura, diarréia e dores no peito. Todos já receberam alta. A adolescente fugiu de casa, foi encontrada pelo pai e levada para a residência de parentes na cidade vizinha de Itanhaém. Mais tarde, a Polícia Militar conduziu a menina ao 1º Distrito Policial de Peruíbe para prestar depoimento. Depois disso, ela foi entregue ao Conselho Tutelar da cidade.
A jovem teria escolhido essa forma de envenenar a família porque sabe que os quatro irmãos mais novos não tomam café.
Segundo a mãe, M. era uma menina exemplar até o começo do ano passado, quando se envolveu com más companhias e começou a usar drogas.
- Lá por abril de 2008, começaram a sumir coisas de casa. Primeiro, foi a caixa de ferramentas do meu marido, depois foram roupas, sapatos, a aliança de casamento do meu marido e até fio de cobre - afirmou a mãe.
Depois disso, os pais começaram a controlar as saídas da filha. Também passaram a trancar o quarto do casal, onde guardavam os objetos de maior valor da casa. Mesmo assim, as coisas não melhoraram.
- Eu sou merendeira na escola do bairro e meu marido trabalha em obras, então não ficamos em casa de manhã e à tarde. E ela chegou a arrombar a porta de casa e a janela do nosso quarto para roubar mais coisas e sair para se drogar - conta Valéria.
Em outubro, a filha sumiu de casa e a mãe foi atrás. Encontrou a jovem sob efeito de drogas e agressiva.
- Tomei um soco e tive que pedir ajuda de mais dois para levar ela para casa. Tivemos que amarrá-la.
Em novembro, M. fugiu de casa e foi morar em um ponto de drogas no bairro Vatrapuã, onde a família vive. Os pais acionaram a PM para trazê-la de volta.
NÃO PENSAM....E AGORA O QUE VAI ACONTECER COM A FAMÍLIA?