SÃO PAULO - O ex-jogador de futebol Evaldo Augusto, de 45 anos, o Zenon, morreu afogado após salvar o filho e um garoto de 13 anos em Ubatuba, no Litoral Norte, domingo à tarde. Zenon, que ganhou esse apelido pela semelhança com o craque do Corinthians da década de 80, se tornou policial rodoviário após abandonar os gramados. Ele foi enterrado nesta segunda-feira em Jundiaí, a 60 quilômetros da capital, com a presença de cerca de 300 pessoas.
Evaldo viajou para o litoral no dia 29 de dezembro, acompanhado da mulher Rose, de 43 anos, e dos filhos Lucas, de 14, e Sabrina, de 8. Eles se hospedaram em uma pousada com a família do chefe de Evaldo, o inspetor Andrew. No domingo, eles foram à praia de Ubatumirim. Por volta das 14h30m, da areia, Zenon viu que seu filho e o filho do inspetor Andrew pediam socorro no mar.
- Os garotos ficaram presos em algum buraco - conta Altair Raimundo, de 39 anos, cunhado de Evaldo.
O ex-jogador nadou até onde os garotos estavam, empurrou Lucas em direção à praia e conseguiu tirar o outro menino do buraco de areia. Mas ficou preso. Andrew tentou socorrê-lo.
- Um grupo de surfistas ajudou a tirá-lo do mar, prestamos os primeiros socorros na praia, mas ele já estava inconsciente - lembra o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O helicóptero Águia da PM levou a vítima ao Hospital Municipal. O ex-jogador morreu antes de descer da aeronave. Amigos, familiares, ex-jogadores e agentes da PRF prestaram a última homenagem a Zenon no Cemitério Nossa Senhora do Monte Negro, em Jundiaí, cidade onde Evaldo morava.
O enterro, que aconteceu no dia em que a família voltaria de viagem, foi marcado pela emoção.
- Diante de nós, está um herói. Não só pela forma como ele morreu, mas por tudo o que fez em vida - afirmou o pastor da igreja frequentada por Zenon.
Visivelmente emocionada, Rose, mulher da vítima, ficou o tempo todo abraçada aos filhos.
- É uma perda sem tamanho - disse, antes de ser consolada por Otacílio Augusto, de 55 anos, tio de Evaldo.
- Vamos aguardar o tempo. O tempo é que apaga essa dor.
Meio-campo habilidoso
Habilidoso com a bola nos pés, Evaldo começou a jogar futebol na Ponte Preta, em Campinas, com 15 anos. Em 1979, passou em uma peneira do Paulista de Jundiaí, cidade onde nasceu.
No clube, ganhou o apelido de Zenon, por se parecer com o meio-campo que atuou no Corinthians na década de 1980.
- Tecnicamente, ele era excepcional. Muito habilidoso. E um grande sujeito - lembra Ricardo Narusevicius, de 47 anos, o Diabo Loiro, atacante do Paulista de Jundiaí.
Assim como Ricardo, Evaldo participou do acesso à Primeira Divisão do Campeonato Paulista conquistado em 1984. A carreira de Zenon durou pouco devido a uma séria lesão no joelho esquerdo. Evaldo fez faculdade de Direito e prestou concurso na Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Na corporação, Zenon chegou a ocupar o cargo de chefe do Setor de Inteligência da PRF em todo o estado.
- Era um exemplo para os outros policiais - disse o inspetor Bosco, chefe do policial.
TODO CUIDADO NO MAR É POUCO....