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11.4.09
Ritmo médio de redução foi de 3,9% ao ano entre 1980 e 2003; estudo pede mais campanhas de prevenção

As doenças cardiovasculares se mantêm como a principal causa de morte dos brasileiros, mas o índice de óbitos por enfartes, derrames e problemas coronarianos só cai no País, graças ao avanço da medicina na área e à melhoria no atendimento nos hospitais. No entanto, isso ocorre num ritmo mais acelerado nas regiões mais desenvolvidas do que nas mais pobres.
Essa é a conclusão de um estudo que analisou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde de 1980 a 2003. No período, a taxa de mortes a cada 100 mil habitantes passou de 287,3 para 161,9, com um decréscimo anual de 3,9% - embora o número absoluto de óbitos tenha aumentado e siga essa tendência nos próximos anos, à medida em que a população brasileira cresce e envelhece.
O derrame foi o que mais caiu: no Nordeste, 3%; no Centro-Oeste, 3,6%; no Sul, 4,1%; no Sudeste, 4,4%. Com relação às doenças isquêmicas, a diferença é ainda maior: a queda no Nordeste foi de 1,5%; no Centro-Oeste, 2,8%; no Sul, 3,2%; no Sudeste, 4%. Em geral melhores do que a média brasileira, as taxas da região Norte não foram consideradas confiáveis, em função do grande fluxo migratório de lá para outras regiões brasileiras nos 24 anos estudados.
Os pesquisadores, Cintia Curioni e Renato Veras, ambos da Universidade do Estado do Rio, Cynthia Cunha, da Fiocruz, e Charles André, da Universidade Federal do Rio, analisaram os dados durante um ano e publicaram os resultados no último número da Revista Pan-Americana de Saúde. Foi a primeira vez que uma pesquisa abrangente enfocou as diferenças regionais.
Entre as causas das desigualdades está a qualidade inferior no atendimento, o que inclui a aparelhagem dos hospitais - três quartos dos aparelhos de ressonância magnética e de tomografia computadorizada, que permitem ao médico visualizar com precisão o coração e o cérebro do paciente, estão concentrados no Sul e no Sudeste, notadamente nos Estados do Rio e São Paulo. Outro ponto levantado pelo estudo é o grau de conscientização da população quanto aos fatores de risco, como fumo, obesidade, diabete, hipertensão e sedentarismo, que seria maior nas regiões mais ricas do País.
Para Deborah Malta, coordenadora-geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, não é bem assim: levantamentos do órgão mostram, por exemplo, que, entre as capitais, as que registram menor índice de sedentarismo são Palmas, Belém, Boa Vista e Natal, bem na frente do Rio e de São Paulo. "A divisão não é geográfica, e sim de escolaridade e renda", diz ela.
A médica afirma também que é preciso relativizar os resultados do estudo (embora eles se assemelhem a outros obtidos em análises anteriores do próprio ministério), já que os sistemas de informações do Sul e Sudeste são mais eficientes do que os do Norte e Nordeste, que foram aperfeiçoados apenas a partir de 2004.

PREVENÇÃO
A pesquisa aponta para a necessidade de os governos atentarem para a prevenção primária das doenças. O cardiologista Carlos Scherr, membro do Colégio Americano de Cardiologia, defende a adoção de campanhas de conscientização pelo Ministério da Saúde que informem do perigo das doenças cardiovasculares, a exemplo do que é feito com relação às moléstias infecto-contagiosas.

"São as doenças que mais matam no Brasil e nunca se fez uma campanha do mesmo nível de intensidade e com continuidade como se faz para a aids ou a dengue. Faltam informações básicas e simples. Hoje, o índice das pessoas que tratam a hipertensão no Brasil é de apenas 40%", disse Scherr.
Ele lembra que, nos Estados Unidos, 44% da queda de mortalidade por doenças coronarianas se deveu ao controle do peso, diminuição do colesterol e do sedentarismo. Outro alerta é o fato de que o índice de mortes pode ter diminuído, mas não as sequelas, como paralisias e redução da capacidade cardíaca.
A queda progressiva na mortalidade por complicações cardiovasculares é um fenômeno que vem sendo verificado nos países europeus, nos Estados Unidos e na Oceania há décadas, ainda que estas permaneçam a principal causa de mortes. No Brasil, entre 1980 e 2003, o câncer desbancou os acidentes e casos de violência no segundo lugar entre as principais causas de mortes.

FUMO
Apesar da tendência de crescimento de casos de câncer, a boa notícia é que cada vez menos jovens estão fumando. De acordo com o estudo de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, o consumo de cigarro entre os jovens caiu 50% nos últimos 20 anos.
Em 2008, 14,8% dos jovens entre 18 e 24 anos tinham o hábito de fumar. Em 1989, este porcentual era de 29%. A pesquisa revela ainda que 10,8% de jovens nessa faixa etária já são ex-fumantes. Mesmo entre as outras faixas etárias, a tendência é de decréscimo. Em 1989, 35% da população adulta no Brasil era fumante. Em 2008, esse índice caiu para 15,2%.


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colaboradores: carmen e maria celia

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