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29.1.09
RIO - Em entrevista à revista "Isto É" , o ex-ativista italiano Cesare Battisti, a quem o governo brasileiro concedeu refúgio político, reitera sua inocência, afirmando mais uma vez que "não matou ninguém". Sobre a acusação de assassinato feita por Alberto, filho do joalheiro Pierluigi Torregiani, que sofreu um atentado dos Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), ele diz que é resultado de pressão do governo. Battisti diz ainda que na época dos assassinatos dos quais é acusado, não fazia mais parte dos PAC.
"Eu nunca matei ninguém. Eu nunca fui um militante militar em nenhuma organização. Nem na Frente Ampla nem nos PAC, onde fiquei dois anos, entre 1976 e 1978. Saí dos PAC em maio de 1978, depois da morte de Aldo Moro".

Sobre estar sendo o pivô de uma crise diplomática entre Brasil e Itália, o escritor disse não entender a razão e não acreditar no que está acontecendo. Para ele, o caso está sendo super-dimensionado e há uma reação exagerada por parte da Itália.

"Eu, sinceramente, não acredito que tudo isso esteja acontecendo. É enorme, é exagerado. Eu não sou essa pessoa tão importante. Sou um dos milhares de militantes italianos dos anos 1970. Sou um das centenas de militantes que se refugiaram no mundo inteiro, fugindo dos anos de chumbo da Itália. Por que tudo isso comigo? Por que o presidente e os ministros italianos estão reagindo dessa maneira pessoal?"
Ele se revelou confiante na Justiça brasileira e diz não temer que o país volte atrás na decisão tomada pelo ministro Tarso Genro:

"A decisão do ministro Tarso Genro é bem fundamentada. Ele analisou todos os documentos. Não foi uma leitura superficial. E a perseguição política está provada. Acho que o gesto do ministro foi de coragem e de humanidade. O Brasil me concedeu meu refúgio político. O procurador-geral da República deu parecer favorável ao refúgio. Acho que o Supremo irá na mesma direção, que já tomou em outros casos"
Cesare Battisti contou que escolheu o Brasil como refúgio pela semelhança do povo brasileiro com o italiano e por saber que o país refugiava muitos compatriotas seus, com quem tinha contato. Ele disse que ao vir para o Brasil, em 2004, tinha apenas o contato de Ziraldo e de Fernando Gabeira (PV-RJ), com quem tinha amigos em comum.

"Gabeira foi muito receptivo comigo. Eu não falava português, mas ele falava francês e italiano. Foi uma grande ajuda para mim, psicologicamente".
Quando tentava sair da Itália, Battisti recebeu ajuda da França, de um movimento intelectual que se manifestou a seu favor, e de alguns membros do governo que haviam se comprometido em ajudar refugiados italianos. Veio para o Brasil em 2004 e entrou no país por Fortaleza. Ele diz que foi monitorado no Brasil, por cerca de dois anos e meio, por brasileiros e franceses, e também por italianos.
"Em todos os lugares, alguém sabia que eu estava chegando. Em Fortaleza, foi na fila do controle de passaporte. Faltava pouco para a minha vez. Chegaram três pessoas. Uma delas, uma mulher, falava francês perfeitamente. Falou que precisava ativar o código de barras de meu passaporte. Me levaram para uma sala, me convidaram para um cafezinho e, depois de dez minutos, me devolveram o passaporte".
Battisti disse que continua sendo um "comunista de verdade", no que se refere a suas idéias e não a suas ações, mas conta que, se pudesse, mudaria os meios utilizados para alcançar resultados. E disse que, agora, sua maneira de intervir é através da escrita e do voluntariado:

"Não mudaria minhas ideias, mudaria os meios para alcançar os resultados. Nunca acreditei que se podia mudar o mundo matando pessoas. Nem quando entrei nos PAC, porque a organização não incluía a morte de pessoas em suas diretrizes. Os PAC se diferenciavam das Brigadas Vermelhas e de outras organizações por esta razão. E foi este o motivo de minha ruptura com os PAC depois da morte de Aldo Moro. Os PAC defenderam a morte de Aldo Moro".


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link do postPor anjoseguerreiros, às 18:12  comentar

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colaboradores: carmen e maria celia

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