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3.1.09
A sexualidade é uma das descobertas mais interessantes e emocionantes da adolescência. Aos 11 ou 12 anos, os hormônios explodem e mudam nosso corpo e, principalmente, nossa percepção do mundo. Meninos e meninas passam a se olhar de uma outra maneira. E se quando eram crianças, um mal prestava atenção no outro, agora, eles atraem olhares de curiosidade, de paixão e desejo. Segundo os psicólogos e médicos, é muito importante que tudo isso aconteça. São essas novas percepções sobre a sexualidade e o prazer que vão ajudar a formar a personalidade - o que a criançada vai ser quando crescer. Além disso, ter uma boa vida sexual faz parte do conceito de saúde. Tanto é verdade que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem um departamento que só se dedica a estudar o tema. Mas não é assim para todas as meninas. Enquanto para algumas delas, a primeira transa e o primeiro parceiro têm um significado mágico porque estão relacionados com o amor, para muitas as relações sexuais não são para aprender que sexo e prazer andam juntos e que é importante ter uma cumplicidade com o companheiro. Para elas, a transa é apenas o caminho para engravidar. E aqui gravidez significa deixar um presente pesado de lado e ter esperança no futuro. Por que algumas meninas encaram a gravidez de uma maneira tão diferente? A explicação é simples e triste. O que faz muitas delas decidirem pela maternidade é a dura realidade em que vivem. Então, falta informação para essas meninas? Elas conhecem os métodos anticoncepcionais? "As adolescentes que ficam grávidas e engrossam as estatísticas levam uma condição de vida mais precária. Elas conhecem os contraceptivos e têm informação. Mas não têm um projeto de vida e, inconscientemente, não se protegem. Aliás, o projeto de vida delas pode ser justamente esse: engravidar para tentar levar uma vida mais digna", alerta Lígia de Fátima Nóbrega Reato, vice-presidente do Departamento da Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria . Na contramão do que essas meninas acreditam, a Organização Mundial de Saúde revela que a gravidez na adolescência não é tão promissora assim. É, de fato, a porta de entrada para a perpetuação da pobreza. E o que fazer? Essas meninas precisam acreditar que o futuro pode ser diferente mas a gravidez dessa maneira não é a solução. "Algumas medidas são mais urgentes nesse momento. A primeira delas é melhorar o acesso dos adolescentes à saúde. Eles precisam de uma atenção especial e existem médicos, os herbiatras, que se dedicam a cuidar exclusivamente deles. Também, é fundamental disponibilizar os métodos contraceptivos nos serviços de saúde gratuitos. Às vezes, encontramos uma determinada pílula que não é indicada para aquela paciente ou não encontramos nenhuma. E, por último, batalhar para que essas garotas tenham um projeto de vida que valha a pena. Elas precisam estudar, ter acesso à cultura, se profissionalizar", sugere Lígia Reato. Mas não são só as meninas mais pobres e com menos condição de vida que engravidam. As adolescentes das classes média e alta também. Não na mesma proporção nem pelos mesmos motivos. Normalmente, elas ficam grávidas porque não optaram pelo sexo seguro. Ou seja, como num passe de mágica, elas esquecem que podem engravidar (sem contar o risco de se contaminarem com alguma doença sexualmente transmissível) e cedem ao desejo e ao prazer. A onipotência é poderosa na vida dos adolescentes. As meninas acham que jamais vai acontecer com elas. E o mito do amor romântico está mais presente do que nunca. As percepções de vida são diferentes e o apoio que recebem também. Mas as conseqüências de uma gravidez na adolescência são pesadas e igual para toda adolescente. "Emocionalmente, ainda não estão preparadas para ser mães. Bancar a gravidez é ter um amor totalmente altruísta. As meninas, durante a adolescência, precisam ser amadas e ainda não amam dessa maneira. O filho que têm é para que as ame e não para elas amarem. Finalmente, os adolescentes ainda não têm claro o que eles são. Como vão acompanhar uma criança nesse momento?", reflete Valéria Cuzinato, terapeuta de casais e de família. A gravidez antes da hora leva a questionamentos importantes. Assim como o chorinho de um recém-nascido traz felicidade, emoção, alegria, também traz frustração se a mãe não está devidamente preparada para recebê-lo. Talvez, ainda seja preciso (e urgente) ensinar para as meninas - não importa a que classe social pertençam - o que significa ser mães. "Para muitas, ter filhos é uma simples questão de status ou a realização de um sonho vago que não sabem exatamente o que é", conclui Sandra Werneck, cineasta, produtora do documentário Meninas. E nessa confusão de sonhos e ideais, elas acabam amadurecendo sem preparo e muitas sentem o peso da responsabilidade. REVISTA RAÇA BRASIL - POR ANA CAROLINA CARVALHO
link do postPor anjoseguerreiros, às 18:21  comentar

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colaboradores: carmen e maria celia

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